domingo, 12 de julho de 2009

*Entrevista - Tony Campello*

Precursor da Jovem Guarda foi primeiro rocker brasileiro

Tony Campello nos anos 60

Juntamente com sua irmã Celly Campello (já falecida), Tony Campello é considerado precursor da Jovem Guarda. Tony fez sucesso com músicas como Boogie do Bebê, Pertinho do Mar e Lobo Mau. Já Celly ficou conhecida pelos hits Estúpido Cupido, Banho de Lua e Laços Cor-de-rosa, entre outras. A dupla gravou Canário, entre tantas canções que viraram hits da juventude. Juntos ou separados, eles faziam muito sucesso nos anos 60. Tony Campello é o nome artístico de Sérgio Benelli Campello. Quando ele foi assinar seu primeiro contrato com a gravadora, alguém sugeriu que deveria trocar de nome e sugeriram “Tony”. Isso porque havia uma máxima no meio artístico de que funcionavam melhor nomes de artistas com até 5 sílabas e “To-ny-Cam-pe-llo” não fugiria à regra. “Eram mais sonoros”, explica.
Para falar desses e de outros detalhes de sua vitoriosa carreira de “rocker”, Mofolândia entrevistou Tony Campello, pouco depois de sua participação ao vivo no programa “Você é Curioso”, da Rádio Bandeirantes, no dia 3 de setembro de 2005, quando foi entrevistado pelos apresentadores Marcelo Duarte e Silvana Alves e também pelo jornalista Francisco Fukushima e pelo criador da Mofolândia, Antonio Carlos Cabrera.

Mofolândia – Você nasceu em São Paulo, mas se considera taubateano. Por quê?
Tony Campello – Nasci em São Paulo, na rua Frei Caneca, mas minha família logo se mudou para Taubaté. Eu me considero taubateano. E em 1996, eu e Celly fomos homenageados na cidade com o título de “Cidadãos taubateanos”.



Silvania Alves, Tony Campello, Francisco Fukushima e Marcelo Duarte no programa "Você é Curioso?" da Rádio Bandeirantes



Mofolândia – É verdade que você só comprou televisão em 1964, depois que já era famoso e participava de programas da TV?
Tony Campello – Só comprei aparelho de televisão em 1964, quando me casei, aos 22 anos. Eu e minha irmã, Celly Campello, viajávamos muito por causa dos shows e não tínhamos muito tempo para diversão. Mas eu ia ao cinema e assistia National Kid em preto e branco. Aliás, era mais interessante porque podia ficar imaginando como seria na realidade. Até porque São Paulo era muito nublada... Em casa, na TV, eu via futebol e também o programa Astros do Disco, na Record. Também assistia o Troféu Roquete Pinto aos melhores do rádio e da TV, que era transmitido ao vivo. Mas meus filhos Marcelo (hoje com 38 anos), Luís Carlos (com 34) e Mariana (com 24 anos) já pegaram outra fase e viam muito desenho animado.

Mofolândia – Quando foi a primeira vez que você apareceu na TV?
Tony Campello – Foi no programa da Hebe Camargo, na antiga TV Paulista, em 1957. E nem usava ainda o nome “Tony Campello”. A TV Paulista tinha um único estúdio, num prédio que ficava na esquina da avenida Paulista e rua da Consolação. Isso foi meses antes de gravar meu primeiro disco compacto, com a música Forgive me. Do outro lado do disco, Celly cantava “Handsome boy”. Fizemos muito sucesso. Em 1959, ela gravou o LP Estúpido Cupido e estourou em todo o Brasil. Prossegui fazendo rock na linha de Elvis Presley e Little Richards. Aparecia na TV, fazia shows e era muito assediado pelas fãs. Não gosto da expressão “roqueiro”. Eu era um “rocker”.


Antonio Cabrera ( Mofolândia) e Tony Campello

Mofolândia – É por isso que você não se considera integrante da Jovem Guarda?
Tony Campello – Fui um precursor da Jovem Guarda, meu som era rock. Gravei Lobo Mau muito antes de Roberto Carlos e Erasmo Carlos. A Jovem Guarda veio depois. Eu e Celly fizemos o primeiro programa para jovens na TV, o Celly e Tony em Hi-Fi, na Record, de São Paulo, que depois virou Crush em Hi-Fi, patrocinado pela marca de refrigerante.

Mofolândia – Depois de emplacar vários sucessos, Celly se casou em 1962 e interrompeu a carreira. Ela só viria a se apresentar novamente e gravar em 1975, quando a Globo realizou a novela Estúpido Cupido. Mas você continuou gravando e atuou também como produtor de discos de rock'n'roll, lançando discos de Deny e Dino, Silvinha, Sérgio Reis, Os Incríveis e outros. E hoje, você é convidado a participar de programas de TV?
Tony Campello – Seleciono bastante os programas de TV e vou naqueles apresentados pelos amigos ou em programas de rádio. Os musicais na televisão de hoje não têm a mesma criatividade dos anos 70 e 80. Além disso, têm a péssima mania de não pagar cachê. Apresentadores como Ratinho e Jô Soares ganham muito dinheiro e levam artistas para cantar de graça. Há muita manipulação entre empresários e produtores.


Tony Campello na Rádio Bandeirantes



Mofolândia – E o que você gosta de assistir na televisão hoje?
Tony Campello – A televisão está muito feia, não dá para assistir muita coisa. Tem muita gente incompetente apresentando programas, sem vivência. Eu zapeio muito. Mas gosto de assistir, à tarde, ao programa Tudo A Ver, de Paulo Henrique Amorim, na Record. Também vejo bastante futebol, torço pelo São Paulo Futebol Clube. Ouço muito rádio, que considero um veículo mais preciso, mais rápido. Não tenho muita familiaridade com computador.

FONTE DE INFORMAÇÃO:

03/09/05

http://www.mofolandia.com.br/mofolandia_nova/entrevista_Tony_campelo.htm

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