domingo, 12 de julho de 2009

*REVISITANDO A OBRA DO PEQUENO PRÍNCIPE*

Provavelmente, as pessoas da minha geração (nascidos ao longo da décadade oitenta) tenham relacionado em sua cabeça o nome de Ronnie Von com os delírios insandecidos e suspiros apaixonados de nossas tias-avós. De fato, Ronnie ostenta e, de certa forma, tem sua imagem impregnada pelo título de galã-mor da Jovem Guarda. Ao lado de Roberto Carlos e companhia, o cantor fez história em meio aos refrões fáceis estilo iê-iê-iê e regravações “aportuguesadas” dos Beatles.

Há quem associe o nome Ronnie Von com as canções de forte apelo romântico-popular – “brega” mesmo, para os menos chegados a eufemismos. O próprio cantor, em recente declaração à revista Carta Capital, se revelou não muito criterioso na escolha de seu repertório, que na maior parte das vezes era definido realmente pelo setor de marketing de sua gravadora.


O que ainda é pouco conhecido do grande público é uma outra nuance do artista, justamente a considerada mais significativa pela mídia especializada. Na fase compreendida entre os anos de 1966 e 1972, Ronnie Von se dedicaria a alguns projetos com um conteúdo bem diferente daqueles que marcaram sua carreira durante a Jovem Guarda. Na segunda metade da década de 1960, mesmo os Beatles já haviam embarcado em outra viagem (!).

O quarteto inglês adotou um som bem mais psicodélico, carregado de experimentalismos. Nessa época surgiram grandes refêrencias para o estilo, verdadeiras pérolas como o Álbum Branco, lançado em 1968. Ronnie Von também chegou a transitar por essas áreas mais progressivas. É o que mostra a trilogia relançada recentemente pela Universal, que conta com dois discos homônimos (lançados em 1966 e 1968) e o disco A Máquina Voadora, de 1970. O primeiro com muitas regravações dos Beatles; o segundo com os dois pés afundados na psicodelia; e o terceiro já retomando o galã romantico da Jovem Guarda, mas ainda com muitos traços da ousadia e experimentalismo dos dois trabalhos anteriores.

Ronnie Von – um rapaz bem nascido, amante de jazz e apreciador de bons vinhos – deu prosseguimento a sua carreira popular, de forte apelo comercial, mas ele mesmo não poderia imaginar que sua fase mais inquieta seria revisitada por uma grande gravadora, 40 anos depois. Esses três discos tiveram uma grande procura por parte de “jovens roqueiros” que passaram a cultivar um grande interesse pela fase mais “underground” do cantor.
O Tributo.


Ronnie Von chegou a tocar com Rita Lee e os Mutantes na década de 1960, em seu programa na TV Record. Ao que parece, ele continua inspirando novas gerações de bandas de rock. Prova disso é o mais novo Tributo ao Ronnie Von, dirigido de forma independente pela jornalista Flávia Durante. O projeto consiste em em um disco virtual de dois volumes com músicas da fase psicodélica de Ronnie interpretadas por novas bandas de rock. “Há participações de bandas de todo Brasil, do Pará ao Rio Grande do Sul, o que prova que a obra de Ronnie Von atrai o interesse de vários fãs de boa música. E todos interessados em colocar o nome do artista em seu devido lugar na história do rock brasileiro”, esclarece Flávia, em um texto do site oficial do projeto.


Todas as músicas podem ser baixadas gratuitamente pelo site “Tudo de Novo – Tributo a Ronnie Von”. Confira lá as faixas e outros detalhes sobre a coletânea. Acompanhe também o blog dedicado ao projeto. Lá você terá acesso a um extenso arquivos de clipping a respeito do cantor, detalhes sobre as bandas participantes e algumas entrevistas em vídeo com o próprio Ronnie.
Posted by Zé Casagrande at 5:35 PM 0 comments
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Confira abaixo os links para download das três obras lançadas por Ronnie Von nos anos de 1966, 1968 e 1970. Estes foram os discos relançados recentemente pela Universal. Os três discos são produzidos por Arnaldo Saccomani. Isso mesmo! Aquele tiozinho razinza que também é jurado do Ídolos.


Das 12 faixas deste álbum, sete tem seus originais assinados pela dupla Lennon e McCartney. Este é o primeiro dos discos da fase psicodélica de Ronnie e deixa clara a influência exercida pelos Beatles nos próximos discos do cantor. O hit "carro-chefe" do disco homônimo de 66 foi "Meu Bem", uma versão de "Girl" dos Beatles. Nele você também encontra uma versão de "As Tears Goes By" dos Rolling Stones, com o título de "Meu Pranto a Deslizar".


Tido como o auge desta fase experimental de Ronnie Von, é no disco de 68 que o cantor entra de cabeça na psicodelia. O disco propõe uma ruptura e um tédio declarado em relação às diretrizes da música comercial brasileira da época. Destaque para as excelentes "Espelhos Quebrados" e "Sílvia, 20 Horas, Domingo".


Este é o disco que marca a volta do cantor romântico e comportado da Jovem Guarda. Nele o experimentalismo dos discos anteriores não desaparece, mas se encontra misturado a um conteúdo mais convencional e condizente com a carreira adotada nos anos seguintes.


É importante ressaltar que, embora seus originais sejam vendidos hoje por "pequenas fortunas" por colecionadores aficcionados, na época os três discos provocaram o descontentamento da gravadora que os julgava nada atraentes sob o ponto de vista comercial.


FONTE DE INFORMAÇÃO:

http://www.jovemguarda.art.br/

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